sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Velha Infância

FAZENDA DO VOVÔ

Na janela do meu quarto estava escorrendo a água da chuva, e além de água ela me trouxe lembranças, várias lembranças. Algumas lembranças um tanto quanto vagas e embaçadas, outras bem nítidas, lembranças do tempo em que eu tomava banho de chuva na rua e na fazenda, lembranças do meu tempo de criança. Nesse tempo eu era bem família, tinha os coleguinhas da escola, mas meus amigos de verdade eram apenas os meus primos que não são poucos, hoje são mais de 15, mas, na fase a qual eu me refiro éramos apenas oito.
Oito crianças, uns mais velhos, outros bem pequenos, eu era o único no meio.

E como nós aprontamos! Na fazenda do vovô, nós tentamos de tudo pra construir uma casa na árvore, mas no final só conseguimos um tablado de madeira podre, dirigimos o trator, fomos ameaçados de ser capados, tomamos banho no lago, andamos a cavalo, todos nós aprendemos a dirigir lá, foi a minha infância. Somos grandes amigos e cúmplices até hoje, uns mais do que outros, e nos amamos.

Voltando ao assunto ser criança, como eu sinto falta dessa fase, eu não tinha nenhuma preocupação, meus únicos medos eram do bicho papão (que eu tenho certeza, dormia escondido debaixo da minha cama!), ficar sozinho em casa e coisas do tipo, mas de uma coisa eu lembro, eu sempre fui doido pra crescer, sou até hoje. E se eu pudesse me encontrar pequeno eu me daria o conselho que todos sempre deram (e que me deixava morrendo de raiva, pra mim aquilo era um verdadeiro absurdo), eu diria “aproveita essa fase, não fica com vontade de crescer não, tudo tem sua hora”. Talvez eu desse ouvidos a mim mesmo, não que eu não tenha aproveitado, mas sempre acho que poderia ter aproveitado mais. E também, não que hoje esteja ruim, hoje está ótimo, mas agora tenho problemas mais sérios para lidar, medos e responsabilidades muito mais importantes do que as antigas, e isso daqui pra frente, só piora.

Foi uma fase belíssima da minha vida, da qual eu não pretendo esquecer nunca, fiz coisas que hoje eu não posso fazer mais, porém eu fiz!

"E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância..."
(Tribalhistas - Velha Infância)

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