07h10min da manhã, 25 de Setembro de 1993:
“Nasceu! 4 quilos e 100 gramas, 52 centímetros. Um menino, um menino lindo, loirinho e dos olhos azuis, gordo e forte, ele nasceu!”
Não sei se foi assim, eu não lembro, mas é mais ou menos assim que eu imagino. Minha mãe aos prantos, meu pai sem palavras, meus avós orgulhosos. Minha mãe, meu anjo, já é emotiva por natureza, e como eu fui seu primeiro filho, ela ficou meio insegura, ela achava que eu ia morrer, mesmo eu sendo gordo daquele jeito, coitada, ela sofreu um bocado.
Desde que a ultra-sonografia mostrou que eu seria um menino meu nome já estava definido, por causa de uma tradição de família e também um sonho do meu avô que um dos netos levasse o seu nome, e eu fui o escolhido pra tornar esse desejo em realidade. O tempo foi passando, e eu crescendo, no meu aniversário de um ano dei meus primeiros passos, logo aprendi a falar, e não parei mais, sempre tive essa necessidade de me expressar. Quando estava na idade certa fui para escola, fiquei muitos meses chorando e fazendo birra todos os dias para não ir, tive dificuldade para me adaptar, mas fui aprendendo e acabei me acostumando com o ambiente escolar, fiz minhas primeiras amizades, e um dos meus colegas de jardim de infância está comigo até hoje, já é um irmão. Mudei-me da minha cidade natal, fiquei fora por três anos, e quando voltei às coisas já não eram as mesmas, fui pulando de galho em galho, até encontrar o meu lugar.
Pode se dizer que alguns acontecimentos foram bem emocionantes na minha vida, na verdade dramáticos, eu era o rei do drama com absoluta certeza, aos nove anos levei um tiro no pé, aos 10 quebrei o céu da boca e aos 11 quebrei a porta da sala de aula, e após esses problemas sucessivos me acalmei.
Ainda criança eu fiz uma amizade, e eu guardo ela, é minha melhor amiga até hoje e para sempre. Um tempo depois fui fazendo mais amigos, eles são muitos, são minha segunda família e como se fossem a primeira família, eu não posso viver sem eles, e realmente que essa dependência vital dure a eternidade. Passei meus melhores anos com eles, ano passado foi fenomenal e também algo do tipo “O último ano do resto de nossas vidas”.
Aos 13 dei meu primeiro beijo, foi com a pessoa que tinha que ser, a mais especial, a que eu não vou esquecer nunca, um pouco mais velhos namoramos um tempo, e somos fortemente ligados até hoje, até agora não aprendemos a nos distanciar.
Esse ano eu deixei muita coisa para trás, me mudei, e estou aqui, fiz novas amizades, mas mantenho as mais antigas, inclusive trouxe uma amiga-irmã comigo (sem ela aqui eu com certeza não agüentaria, nos apoiamos sempre que precisamos), e aqui eu estou bem, rodeado de pessoas que eu gosto, uma amiga nova, mas muito especial, eu gostaria de ter tudo e todos os que amo a minha volta, porque o bom da vida é estar perto de quem se gosta, o mundo todo é muito chato. Porém, apesar de todas as consequências que minhas decisões trouxeram, estou bem e feliz.
Considero minha vida toda muito boa, reclamo bastante dela, mas não deveria, eu tenho conhecimento do quanto sou privilegiado, estou satisfeito com o que eu sou, e me sinto amado. Não, eu realmente não posso reclamar. E claro, minha vida é muito mais do que o pouco que escrevi aqui, eu só não consegui colocar tudo em palavras.
Hoje eu faço 16 anos de idade, com mais idade vem mais responsabilidades, cobranças, a cada ano que passa os outros e eu espero mais de mim. Agora eu poderei mais coisas, vou votar, deixar de ser censurado em vários aspectos e vou amadurecendo e mudando sempre, me tornando um adulto, mas um adulto que nunca vai deixar de ser uma criança.Existem duas cenas que eu queria assistir, mas eu nunca poderei, o meu nascimento e o meu enterro, como não poderei, só espero que sejam emocionantes, e que o final da minha vida seja recebido com tanta felicidade quanto foi o começo.